sábado, 2 de abril de 2011

Subjetividade, um novo paradigma ?


Esse texto foi tirado de um artigo que achei interessante e resolvi postar algumas partes, ele fala sobre subjetividade, focando a sociedade contemporânea.
A emergência da subjetividade ocorre quando as ciências por siso não dão conta de um universo maior do homem no contexto em que ele vive sem fazer oposição do homem x objeto. Nos vários campos das ciências humanas observa-se hoje uma tendência em se redefinir os discursos em torno das idéias de verdade/falsidade,objetividade/subjetividade como forma de trazer uma nove dimensão na relação sujeito/objeto. O sujeito seja ele em si ou a sociedade, não existe sem o outro; objetivamente o objeto não existe especificamente sem que o sujeito dele fizesse parte.
O termo subjetividade veio a englobar o que antes nós chamávamos de ser humano, psiquismo, eu- privado, homem íntimo, indivíduo psíquico... e ele caracterizar esta relação sujeito/objeto não numa dimensão de pólos contrários , mas das relações que os mantém . O sujeito se constitui numa relação com o outro sujeito e é construído pela integração do sujeito psíquico que tem uma história individual e portanto desejos, sonhos e fantasias, e o sujeito social, concebido como o sujeito da história social que a produz e dela recebe as transformações necessárias.
Esta subjetividade traz embutida a própria questão da realidade, pois, o que se constitui um fato real muitas vezes não é o que se vê mas o que parece ter se visto. Hoje os paradigmas da ciência buscam entender esses espaços da ordem e da desordem, numa complexidade em que o homem é chamado não mais a desvendar os mistérios desta realidade , mas sim a se compromete com esta mesma realidade na medida em que dela ele faz parte. O sujeito passou a ter um novo lugar como produtor do mundo em que vive e ele pode e deve ter visão desse mundo diferenciada do outro, como já nos falava Fernando Pessoa em sua poesias sobre mundos diferentes.
A partir dos últimos anos tivemos modificações consideráveis no cenário mundial, identificadas seja na globalização, seja no campo da política, da economia e até mesmo da religião. Essas mudanças trouxeram mudanças , também, no que se entende pelo sujeito que a produz ou que dela recebe os benefícios ou prejuízos. Por exemplo, as novas concepções de trabalho oriundas , em especial, pelas novas relações do homem com o mesmo, a partir os avanços científico-tecnológicos apresentam como conseqüências mudanças significativas, como o homem que construiu a máquina pode ser dispensado por ela. Pergunta-se: o que significa, hoje, o homem trabalhador ? Quem é o responsável por sua formação enquanto sujeito dessa história ? Se ele não é mais uma peça da engrenagem como no filme Tempos Modernos que papel ele faz , hoje, no cenário da nossa sociedade ?  Essas perguntas coexistem quando reflito tanto sobre as questões da relação educação-trabalho, como as questões referentes à construção da subjetividade para os tempos da modernidade. Aqui estamos diante de uma relação subjetividade e cidadania.
A Psicologia quando nos traz questões para reflexão do indivíduo e do grupo, das formas de desenvolvimento e de aprendizagem, do compromisso dessa ciência com o homem há que repensar-se como ciência no papel que a subjetividade adquire na sua concepção psicológica da educação.
A sociedade contemporânea nos mostra que as reivindicações das singularidades subjetivas não podem ser mais atendidas em termos de uma universalidade de subjetividade. Temos que dar conta de criar alternativas para a interatividade e a emergência criadora da subjetividade. Tanto na pesquisas sobre valores, quanto na de formação de professores estamos diante de impasses que chamam para a necessidade da reflexão da subjetividade, como, por exemplo, trabalhar a questão da autonomia. O que é autonomia para os jovens ? Como trabalhar a autonomia do professor, em termos de sua formação para o seu desempenho futuro em sala de aula ? As fronteiras entre sujeito/objeto ficaram menos demarcadas; as repercussões do sujeito coletivo são vistas mais como explosões políticas do que reivindicações do sujeito social; a organização da educação privilegiando mais o geral , o total do que o individual e o particular ainda não aderiu a noção do que se entende por subjetividade. Ela , a educação, deveria ser reconhecida como um espaço da singularidade que deve promover as igualdades das oportunidades, mas respeitar as diversidades da homogeneidade. É exatamente nessa diferença que reside o espaço da subjetividade, da construção de identidades coletivas e individuais que não podem ser ancoradas como novas bandeiras dos educandos mas sim como novas perspectivas pedagógicas/sociais emergentes da e na formação do cidadão.

2 comentários:

  1. Parabéns, não vejo outra forma para elogiar os textos aqui postados, sempre com contextos relevantes, contemporâneo e nada subjetivo, mas,com muita objetividade e inteligência em suas escolhas. a dicotomia sujeito, objeto, de dificil entendimento ao senso comum, ficou aqui melhor entendível com sua postagem explicativa.

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